O cavalo e o burro seguiam juntos para a cidade.
O cavalo contente da vida, folgando uma carga de quatro arroba apenas e o burro - coitado! gemendo sob o peso de oito.
O cavalo contente da vida, folgando uma carga de quatro arroba apenas e o burro - coitado! gemendo sob o peso de oito.
Em certo ponto, o burro parou e disse:
- Não posso mais! Esta carga excede às minhas forças e o remédio é repartirmos o peso irmãmente, seis arrobas para cada um.
O cavalo deu um pinote e relinchou uma gargalhada.
- Ingênuo! Quer então que eu arque com seis arrobas, quando posso tão bem continuar com as quatro? Tenho cara de tolo?
O burro gemeu:
- Egoísta! Lembre-se que se eu morrer, você terá que seguir com a carga de quatro arrobas e mais a minha.
O cavalho pilheriou novamente e ignorou o burro.
Logo adiante, porém, o burro tropica, vem ao chão e quebra a pata. Chegam os tropeiros, maldizem a sorte e sem demora arrumam com as oito arrobas do burro sobre as quatro do cavalo egoísta. E como o cavalo refuga, dão-lhe de chicote em cima, sem dó nem piedade.
- Bem feito!
exclamou um papagaio que passara por ali.
- Quem mandou ser mais burro que o pobre burro e não compreender que o verdadeiro egoísmo era aliviá-lo da carga em excesso? Tome! Gema dobrado agora...
Variação feita por Monteiro Lobato.
Original, Fábulas de Esopo.
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