Dois monges se prepararam para atravessar um rio, conhecido como Rio da Discórdia,
antes de subirem uma montanha, chamada de Montanha da Fé.
Um deles era novo e o outro velho.
Ao chegarem às margens do rio,
os religiosos ficaram ao lado de uma moça muito bem vestida,
os religiosos ficaram ao lado de uma moça muito bem vestida,
que também queria chegar ao outro lado do rio, mas com um detalhe: sem se molhar!
Com um olhar, ela pediu ao monge mais novo que a ajudasse.
O novo a retribuiu com um desvio de olhar e seguiu pelo rio.
A mulher arrumou os cabelos, se abanou com um leque e dirigiu o seu pedido de ajuda com um profundo olhar para o monge mais velho.
Este não teve dúvida: pôs a moça nos ombros e atravessou o rio, carregando-a.
Do outro lado, satisfeita e seca, ela agradeceu o velho e olhou o novo com desdém.
O novo observava o velho com indignação e raiva,
enquanto o velho retribui aos dois com um olhar de compaixão e tranquila alegria.
Nem é preciso dizer que aquilo irritou ainda mais o mais novo.
Os monges continuaram seu caminho rumo a Montanha da Fé.
O novo carregava um semblante pesado e carrancudo
e o velho levava com ele sua expressão de leveza e serenidade.
De acordo com as "regras" de sua fé, os monges não deveriam tocar mulheres.
Caminharam por horas, mas o monge mais novo ainda estava perplexo
com a atitude do mais velho.
com a atitude do mais velho.
Quando chegaram ao pé da montanha de fé,
o jovem não aguentou mais e expressou seus pensamentos em voz alta:
"Você sabe muito bem que os monges não devem tocar as mulheres!
Por que carregou aquela moça pelo rio?"
O velho monge respondeu:
"Naquele momento, julguei que ajudar um outro ser humano sem julgá-lo fosse mais importante do que não tocá-lo. No entanto, eu larguei a jovem três horas atrás e a deixei às margens do rio.
Por que você continua carregando a moça?"
Contos Budistas. Recontado por Fábio Lisboa.
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