quinta-feira, 24 de julho de 2014
Qual foi o seu melhor Encontro?
E ela me perguntou
“Qual foi o seu melhor encontro?”
Não precisei garimpar muito na minha memória para dar a resposta.
“Difícil dizer...talvez “encontros” sejam subestimados.”
Respondo.
“Qual é! Deve ter algum. Aquele que você nunca esquece.”
A garota insiste.
“Bem...”
Eu coço o queixo.
“...ela estava parada na saída do meu serviço. Não nego que fiquei surpreso. Havia chamado ela para sair a algumas semanas, mas ela fazia...aquilo que vocês dizem hoje em dia...cú doce. Sempre tinha algo atrapalhando, alguma coisa acontecendo...nunca dava.”
A garota, já com os olhos vidrados, sorri.
“De fato, já estava me acostumando com a ideia de levar mais um entre os inúmeros bolos que já levei.”
Me sento no sofá.
“Lembro-me perfeitamente, era dia de academia. Uma mochila branca e surrada apoiava-se em minhas costas. Caminhei o enorme corredor da saída e a abracei. Tentando não demonstrar interesse – embora custasse disfarçar.
“Não foi bem isso que eu pensei como encontro.”
A garota – agora deitada no tapete da sala – diz.
“Você quer ouvir ou não?”
Ameaço a levantar do sofá. A garota se cala.
“Algum momento no tempo, entre algumas palavras trocadas e uma breve visita a casa da sua vó, estávamos ela e eu sentados no estacionamento do supermercado mais próximo.”
“SUPERMERCADO!?”
A garota não resiste.
Olho para ela com desaprovação. Ela novamente se cala, mas deixando a cabeça balançar negativamente.
“Sim, um supermercado.”
Sorri.
“Havíamos comprado um engradado de cerveja e para saciar nossa fome, Pringles.”
“Hum...Pringles.”
A garota diz. Eu novamente sorrio.
“Continuamos conversando por um longo tempo, nos conhecendo e na maioria dele escutávamos músicas em um pequeno Mp3 que tinha. Escutamos Guns, Pearl Jam, Oasis, Dire Straits...até que o aparelho sorteou Kansas. “EU AMO ESSA MÚSICA!”, ela exclamou quando Dust in the Wind começou a tocar.”
Continuei contando a estória.
“Permanecemos conversando até que a garota me confessou – no momento que no Mp3 tocava uma versão instrumentada de A Day in the Life (The Beatles) – que ela quando criança e o pai, cantavam juntos uma das músicas da mesma banda.”
“Beatles? Sério? Quantos anos ela tem?”
A garota pergunta, incrédula.
“Sabe que eu não sei.”
Respondi.
“Mas tio, esse foi o melhor encontro que você teve? Cadê o jantar romântico? As declarações? O frio na barriga?”
A garota se levanta do tapete.
“Vocês se viram de novo? Você namorou ela? Eu conheço?”
E dispara muitas perguntas.
“Não precisávamos de jantares, declarações ou ansiedade. Naquele momento, naquele breve momento que estávamos ali, haviam somente ela e eu em um mundo particular e restrito. Nada precisava ser mostrado, nada precisava ser cobrado, nada precisava ser dito.”
Eu respondo algumas.
“Mas...”
A garota abaixa a cabeça, como se quisesse entender tudo aquilo que eu dizia.
“...se foi tão bom, onde ela está agora?”
Eu sorrio, enquanto levanto a cabeça da pequena pelo queixo.
“Na restrita imensidão do átomo desenhado em sua pele.”
Nilton Bruno
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