terça-feira, 24 de junho de 2014

A Figueira



Eu vi minha vida ramificando-se atrás de mim como a figueira verde na história.
Da ponta de cada ramo, como um figo gordo e roxo, 
um futuro maravilhoso acenou e piscou.

Um figo era o marido e um lar feliz e uma criança...
...e outro figo era um poeta famoso...
...e outro figo era um professor brilhante...
...e outro figo era "Ee Gee", a editora incrível...
...e outro figo era a Europa...
...e a África e a América do Sul...
...e outro figo era Constantin e Sócrates e Átila e um pacote de outros amantes com nomes esquisitos e profissões excêntricas.
E outro figo era uma campeã olímpica de remo...
...e além e sob esses figos havia muito mais figos que eu não conseguia distinguir.

Eu me vi sentada na forquilha dessa figueira, morrendo de fome, somente porque eu não conseguia decidir em minha mente qual desses figos eu deveria escolher.
Eu queria cada e todos deles, mas escolher um significa perder todo o resto.

E enquanto eu estava lá, incapaz de decidir...
...os figos começaram a enrugarem e a ficarem pretos...
...E
UM A UM...
...eles estatelaram no chão aos meus pés.


Sylvia Plath.

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